Primeiro livro sobre bailes blacks

O escritor Marcelo Gularte começou a pesquisar o assunto no ano de 2015 e concluiu a obra em 2016 com a publicação de um exemplar de luxo

14/09/2016
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Primeiro livro sobre bailes blacks
O livro ‘Movimento Black’ traz 320 páginas e apresenta conteúdo construído com verbetes, além de aproximadamente 500 ilustrações raras / Foto: Luiz Cordeiro
Com uma obra que resgata a história do movimento black nos anos 70, o escritor carioca Marcelo Gularte entra novamente para o RankBrasil. Ele é o autor do Primeiro livro sobre bailes blacks, começando a pesquisa em 2015 e concluindo a obra em 2016 com a publicação de um exemplar de luxo.

O livro ‘Movimento Black’ traz 320 páginas, apresentando conteúdo inédito construído com verbetes. Inicia com James Brown em 1956 e vai até o final do movimento, passando pela era das discotecas e culminando no primeiro disco de hip-hop em 1979, da banda americana Sugarhill Gang.

A produção literária conta com aproximadamente 500 ilustrações raras, oferecendo ao leitor um panorama iconográfico do movimento. “Esse material é muito escasso e de difícil aquisição. Conseguir reunir num livro esse grande acervo de prospectos dos bailes dos anos 70 é extraordinário e irá ajudar pesquisadores e entusiastas que procuram compreender o surgimento dos bailes blacks”, afirma Gularte.

De acordo com ele, o primeiro baile black no país ocorreu no Bairro do Catumbi no Rio de Janeiro (RJ), sob a batuta do discotecário Mister Funk Santos no início dos anos 70. “Esses bailes foram muito importantes como dispositivo de sociabilização, valorização da cultura negra e, sobretudo, conscientização de um contingente oriundo da camada popular que não tinha espaço na sociedade para se expressar”.

O escritor explica que antes dos discotecários Ademir Lemos e Big Boy promoverem na casa de show carioca ‘Canecão’, o famoso ‘Baile da Pesada’ – considerado o marco zero do funk no Brasil – o que se tinha na época para os moradores das favelas era o samba. “Quem queria ouvir outro tipo de música precisava ir até as boates da Zona Sul, que não eram acessíveis ao grosso da tropa”.

Pela importância do assunto, Gularte defende o movimento black como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro. Segundo ele, o Brasil é o único país na América Latina que desenvolveu a cultura black power e no Rio de Janeiro o movimento floresceu como ‘black Rio’, influenciando outras capitais. “Em plena ditadura militar isso deu origem ao nascimento das equipes de som e do funk carioca, um dos movimentos de cultura de massa mais expressivos do Brasil”, destaca.

A obra ‘Movimento Black’ foi premiada pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, e contemplada no edital Favela Criativa em parceria com a Light, para fazer a distribuição gratuita nas bibliotecas, universidades e escolas públicas do município. Como o autor ainda aguarda o repasse do recurso, decidiu confeccionar um exemplar de luxo de forma independente, dando início à divulgação.

Pelo recorde brasileiro, Gularte diz que entrar para o RankBrasil mais uma vez é muito bacana e é a prova que de alguma maneira ele produziu algo pouco comum. “Na verdade, quando inicio um trabalho geralmente não sei onde vai chegar, mas procuro criar bases sólidas e relevantes para minhas pesquisas e os resultados são complementares”, revela.

Mapeando o movimento black
A ideia de escrever sobre os bailes blacks surgiu durante a pesquisa para o recordista compor o romance ‘A lenda do funk carioca’. “Percebi que não tinha nenhum livro específico voltado à cultura black power, que deu origem ao funk carioca e ao hip-hop de São Paulo a partir do início dos anos 80”.

A obra exigiu 10 meses de trabalho. O escritor teve acesso aos poucos conteúdos disponíveis em livros sobre os anos 70, mas sua maior fonte de informação foi via oral, através de entrevistas. “Entre os que contribuíram para a produção estão Tony Minister, que inclusive é o autor da arte da capa do livro; maestro Funk Gil, que passou um acervo de discos e imagens raras; a parceira na empreitada, jornalista Érica Magni; Dom Filó, uma fonte preciosa; Samuel e suas muitas estórias; Dj Nazz; Maks Peu; Paulinho Black Power; Ricardo Ultra Funk; e o produtor e discotecário Sir Dema”.

Conforme Gularte, escrever o ‘Movimento Black’ foi uma proposta muito exigente do ponto de vista didático. “Trata-se de uma produção literária que segue um percurso ‘underground’, mapeando o nascimento da cultura black music no país”, ressalta. O livro é o primeiro da coleção ‘Enciclopédia do Funk’, que será composta por cinco volumes, cada um por década.

Outros recordes de Gularte no RankBrasil
Maior narração literária com ditos populares,
Mais rápido a pesquisar e publicar livro de Literatura,
Maior romance em número de páginas do país,
Romance com maior número de personagens,
Livro com a maior cronologia sobre o funk e
Maior escultura sonora com material reciclável

Algumas citações na mídia:
News Rondônia
Portal Baixada