O Papa Bento 16 surpreendeu o mundo na segunda-feira (11), ao anunciar a renúncia do pontificado por motivos de saúde. Ele vai deixar oficialmente o cargo máximo da Igreja Católica Apostólica Romana no próximo dia 28 de fevereiro.De acordo com informações do Vaticano, divulgadas na terça-feira (12) em decorrência da renúncia, o líder religioso teve um marca-passo instalado há algum tempo, mas não vem sofrendo de problemas de saúde e permanece lúcido e sereno.
Como acontece de costume, o novo Papa será escolhido por um conclave (eleição). Dos 118 cardeais de todo o mundo com menos de 80 anos que votarão e que também estão aptos a receber votos, cinco são brasileiros.Ao todo, o Brasil possui nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, que participam do conclave, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite para exercer o cargo. A escolha do novo líder católico deve acontecer em março, até a Páscoa, em votação secreta.
A renúncia
Em latim, Bento 16, que tem 85 anos de idade, anunciou a renúncia pessoalmente, durante um encontro de cardeais no Vaticano. Ele afirmou que vai deixar a liderança da Igreja Católica devido à idade avançada, por não ter mais forças para exercer as suas obrigações.Esta é a primeira vez em quase seis séculos que um Papa renuncia: o último foi Gregório 12, em 1415. De acordo com o ‘Canon Pontificio’ – normas que regem o exercício do Papa – ninguém precisa aceitar formalmente a decisão. As condições para deixar o cargo são que o anúncio seja feito de forma livre e que a demonstração ocorra de maneira inequívoca.
Trajetória de Bento 16
Bento 16 nasceu na Alemanha, em 16 de abril de 1927 e foi batizado como Joseph Alois Ratzinger. Ele é o pontífice número 265 da Igreja Católica e o sétimo Chefe de Estado do Vaticano. Sucessor de João Paulo II, havia assumido o papado em 19 de abril de 2005, com 78 anos. Nas questões morais, manteve-se inflexível como seu antecessor, com a condenação do aborto, da manipulação genética, da eutanásia e do casamento gay.
O Papa e o Brasil
O Papa visitou o Brasil em 2007, para assistir à assembleia geral da Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe (Celam), que aconteceu na cidade de Aparecida – SP. Exercendo sua função, ele também canonizou Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Bento 16 era aguardado no Rio de Janeiro em julho de 2013, onde iria participar da Jornada Mundial da Juventude.Brasileiros que concorrem ao pontificado, da esquerda para a direita: dom Raymundo Damasceno, dom Cláudio Hummes, dom Odilo Scherer, dom João Braz de Aviz e dom Geraldo Majella Agnelo
Brasileiros que podem se tornar Papa
Entre os brasileiros, concorrem ao pontificado dom Raymundo Damasceno, de 75 anos, arcebispo de Aparecida e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); dom Cláudio Hummes, 78, arcebispo emérito de São Paulo; dom Odilo Scherer, 63, cardeal arcebispo de São Paulo; dom João Braz de Aviz, 66, que é prefeito das congregações dos religiosos em Roma; e dom Geraldo Majella Agnelo, 79, arcebispo emérito de Salvador (BA).
Cardeais do Brasil em dois conclaves
Dom Geraldo Majella Agnelo e dom Cláudio Hummes terão uma oportunidade rara entre os cardeais do mundo. Eles vão poder escolher dois Papas, já que participaram da eleição de Bento 16 em 2005 e também votarão no conclave de março de 2013.
Único brasileiro a receber votos para o cargo
O primeiro e único brasileiro até então a receber votos para se tornar Papa foi o cardeal Dom Aloísio Lorscheider. O religioso teve o nome cotado no conclave de 1978, mas o escolhido na época acabou sendo João Paulo I.
Redação: Fátima Pires