Caricaturista de rua com mais tempo de trabalho (feminino)

Recorde pertence a Simone Talin, que há 16 anos faz caricaturas em toda a região oeste de Santa Catarina

02/03/2020
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Caricaturista de rua com mais tempo de trabalho (feminino)
Simone Talin faz caricaturas em toda a região oeste de Santa Catarina há 16 anos / Foto: Arquivo recordista
A catarinense Simone Talin, da cidade de Concórdia, entra para o RankBrasil em 2020 pelo recorde de Caricaturista de rua com mais tempo de trabalho (feminino). Atualmente com 35 anos de idade, há 16 anos ela faz caricaturas em toda a região oeste de Santa Catarina.
Simone acredita que neste tempo todo fez milhares de caricaturas. “Já cheguei a fazer 30 caricaturas coloridas em um único dia na rua. Então é impossível quantificar o trabalho de anos”, comenta.
Conforme ela, existem algumas particularidades nesta profissão que exigem acima de tudo muito profissionalismo. “A maior dificuldade talvez seja trabalhar sob pressão: quando muitas pessoas estão esperando. O fato de manter a concentração por horas e horas em diferentes climas, ocasiões e lugares é o mais difícil, além de garantir um resultado de excelência em poucos minutos”.
A caricaturista afirma que as pessoas se surpreendem com a agilidade e com o resultado final: “Humor poético, sem exageros excessivos para que agrade e desperte sorrisos”, diz. “Meu objetivo é fazer pessoas felizes”, completa.

Simone conta que neste período muitas coisas aconteceram. “O curioso é a abrangência que a arte representa na vida das pessoas, como é possível sensibilizar alguém com uma ilustração”. Segundo ela, algo que chama a atenção é o fato de ser uma mulher em uma profissão predominantemente masculina. “As pessoas se surpreendem quando se deparam com uma mulher desenhando”, comenta.
Sobre o trabalho nas ruas, a recordista diz ter pontos mais positivos que negativos. De acordo com ela, algum ruim é o mal tempo, pois ela já perdeu estrutura e material com chuva, além de não ser fácil enfrentar o frio ou o sol quente.

“Como cartunista e mulher penso que o trabalho do artista de rua dialoga com a cidade, tornando o cenário urbano um espaço democrático e igualitário”, destaca. Conforme ela, o recorde junto ao RankBrasil representa uma reflexão sobre a condição feminina e suas relações nas diversas profissões da contemporaneidade.
“Ser pioneira como caricaturista de rua significa compartilhar dos aplausos que sempre pertenceram aos homens (as ruas sempre pertenceram a eles e a mulher sempre foi relegada ao lar)”. Ela enfatiza que hoje as mulheres estão alcançando visibilidade maior, tanto com mais trabalhos expostos como por movimentos de ocupação entre caricaturar, grafitar, rimar, criar, inovar, transformar, alcançar, etc.
“A arte urbana tem o poder de multiplicar e expandir esse conhecimento em todo lugar, porque está em todo lugar. Seja numa esquina ou numa pracinha no país: haverá sempre uma oportunidade para quebrarmos barreiras”, destaca.

Habilidade
Simone começou criando retratos na infância. Com 19 anos passou a fazer caricaturas de amigos próximos e familiares, como forma de aperfeiçoar seu trabalho. Neste mesmo período foi convidada a criar charges e retratar personalidades do esporte local, em uma coluna de esportes de um jornal.
De forma modesta a catarinense passou a participar de eventos e pequenas manifestações nas ruas, até que esta atividade se tornasse rotina. “O desenho de humor sempre esteve presente na minha vida. Fui por muitos anos chargista e a caricatura é minha realização enquanto cartunista”.
Atuar profissionalmente como caricaturista aconteceu de forma natural na vida da recordista. “Por se tratar de uma profissão exercida por poucos profissionais e uma técnica de ilustração atrativa e divertida, meu trabalho ganhou repercussão na minha cidade e região”.
Simone acredita que fazer caricaturas é uma habilidade ímpar. “Poucos são os artistas que dominam a técnica. Eu desenho há muitos anos direto com marcador, sem uso de lápis, o que agiliza a criação da caricatura e demonstra habilidade e domínio da arte”, comenta.
Segundo ela, por se tratar de uma ilustração breve com poucos traços, onde as principais características da pessoa são evidenciadas, exige do artista muita concentração e treino de observação. “Nem todas as pessoas que sabem desenhar conseguem caricaturar. Contudo, é possível aprender com muito treino e dedicação. Desenho é treino diário”.
Simone lembra que nos anos de 2015 e 2017 ela foi contemplada por duas edições consecutivas com o Prêmio Catarinense de Letras, concedido pela Fundação Catarinense de Cultura e FUNCULTURAL, com projetos de oficinas de cartuns. “Então é fato que com muito empenho é sim possível aprender uma nova profissão”, finaliza.