O Brasil detém o recorde junto ao RankBrasil de País mais atingido por raios no mundo. Entre as explicações estão a grande extensão territorial do país e ao fato de estar próximo do equador geográfico.Com base em dados de satélite, estima-se que aproximadamente 60 milhões de raios atinjam o solo brasileiro por ano, ou seja, cerca de dois por segundo. Isto equivale a uma média de aproximadamente sete raios por quilômetro quadrado ao ano.
As informações são do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Governo Federal.
De acordo com levantamento realizado pelo Elat, através de dados obtidos entre 1998 e 2011, Porto Real, no Rio de Janeiro é a cidade brasileira mais atingida por raios: para cada quilômetro quadrado do município, caem 19,66 raios por ano. Em segundo aparece Ewbank da Câmara – MG, com 19 raios, seguido por Matias Barbosa – MG, com 18,49.
Entre as capitais, a campeã é Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 14 raios por km2/ano. A segunda colocação é de Manaus – AM, com 13 raios por km2/ano, e em terceiro lugar está Belém – PA, também com 13. O relatório completo da relação entre raios e municípios do Brasil pode ser obtido clicando aqui.
Relâmpago e raio
Relâmpago é uma corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera. É uma consequência do rápido movimento de elétrons de um lugar para outro: os elétrons se movem tão rápido que fazem o ar ao seu redor se iluminar, resultando em um clarão, e se aquecer, o que acarreta em um som (trovão). Quando a descarga se conecta ao solo é chamada de raio.
No mundo
Em todo o mundo, cerca de 50 a 100 relâmpagos ocorrem a cada segundo, o equivalente a aproximadamente cinco a 10 milhões por dia ou em torno de um a três bilhões por ano. Os relâmpagos ocorrem principalmente no verão, devido ao maior aquecimento solar, embora aconteçam em qualquer período do ano.A maioria é observada sobre os continentes e em regiões tropicais. As principais regiões de ocorrência são o Brasil (exceto no Nordeste), a região central e o sul da África, o sul da Ásia, a região sul dos Estados Unidos, o norte da Argentina, a ilha de Madagascar, a Indonésia e a região norte da Austrália.

Capitais mais atingidas por raios lugar | capital | UF | raios por km2/ano |
1°. | Campo Grande | MS | 14 |
2°. | Manaus | AM | 13 |
3°. | Belém | PA | 13 |
4°. | Palmas | TO | 12 |
5°. | São Paulo | SP | 11 |
6°. | Cuiabá | MT | 11 |
7°. | Goiânia | GO | 7 |
8°. | Curitiba | PR | 7 |
9°. | Belo Horizonte | MG | 7 |
10°. | Porto Velho | RO | 7 |
Aumento da ocorrência
Estudos mostram que a ocorrência de relâmpagos tem aumentado sobre grandes áreas urbanas. Acredita-se que este efeito esteja relacionado à poluição sobre estas regiões e ao aquecimento provocado pela alteração do tipo de solo e a presença de prédios e elementos que alteram a temperatura local.Conforme o Elat, a temperatura média do planeta Terra aumentou 0,5°C no século XX, em decorrência da emissão de enormes quantidades de gases (principalmente gás carbônico), associada à atividade humana. No século XXI, a tendência é de um acréscimo de 2 a 4° C. Estima-se que para cada grau de aumento de temperatura, aumente de 10% a 20% o número de relâmpagos no planeta.
No Brasil, o aquecimento das águas do oceano Atlântico em curso, relacionada ao aquecimento global poderá ter implicações sobre a incidência de raios no país. Fenômenos climáticos como o El Niño e a La Niña também podem afetar a ocorrência de raios.
Cidades mais atingidas por raioslugar | município | UF | raios por km2/ano |
1°. | Porto Real | RJ | 19,66 |
2°. | Ewbank da Câmara | MG | 19 |
3°. | Matias Barbosa | MG | 18,49 |
4°. | Quatis | RJ | 18,43 |
5°. | Valença | RJ | 18,28 |
6°. | Belmiro Braga | MG | 17,66 |
7°. | Passa-Vinte | MG | 17,43 |
8°. | Juiz de Fora | MG | 17,38 |
9°. | Chácara | MG | 17,28 |
10°. | Garruchos | RS | 17,07 |
Vítimas fatais
Dados do Elat mostram que entre os anos de 2000 e 2009, os raios fizeram no Brasil 1.321 vítimas fatais. Entre as circunstâncias das mortes estão: 9% em campo de futebol, 14% no transporte, 2% ao telefone, 9% em coberturas diversas, 12% dentro de casa, 1% próximo à cerca, 12% embaixo de árvore, 19% em atividades de agropecuária, 7% na praia e 15% outros.Em relação ao mundo, a cada 50 mortes por raios, uma é no Brasil. São cerca de 130 vítimas fatais e mais de 200 feridos por ano, um prejuízo anual na ordem de um bilhão de reais no país. Ainda de acordo com o Elat, 80% das circunstâncias em que acontecem mortes por raios podem ser evitadas se as pessoas souberem como se proteger.
Serviço de alerta
O Elat possui um Núcleo de Monitoramento de descargas atmosféricas que funciona 24 horas por dia, durante os sete dias da semana. O objetivo é prestar serviços de alerta da incidência de raios para uma determinada região, com o intuito de proteger pessoas que exercem atividades ao ar livre. O serviço é disponível para todo o país e o alerta é enviado via telefone fixo, celular e/ou email. Mais informações podem ser obtidas clicando aqui.
Proteção pessoal durante tempestades
– Se possível, não saia para a rua ou não permaneça na rua, a não ser que seja absolutamente necessário;– Se estiver na rua, procure abrigo em veículos metálicos não conversíveis, em moradias ou prédios, em abrigos subterrâneos, e em barcos ou navios metálicos fechados;
– Ainda se estiver na rua, evite: segurar objetos metálicos longos, tais como varas de pesca e tripés, empinar pipas e aeromodelos com fio, e andar a cavalo;– Se estiver dentro de casa, evite: usar telefone com fio ou celular ligado a rede elétrica, ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas, e tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica;
– Se possível, evite: pequenas construções não protegidas (como tendas ou barracos), veículos sem capota, e estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica;– Também é importante evitar: topos de morros ou cordilheiras, topos de prédios, áreas abertas (como campos de futebol), estacionamentos abertos e quadras de tênis, proximidade de cercas de arame, linhas aéreas e trilhos, proximidade de árvores isoladas, e estruturas altas (como torres);
– Se você estiver em um local sem abrigo e sentir que seus pelos estão arrepiados ou sua pele começar a coçar, fique atento: isto pode indicar a proximidade de um raio. Neste caso, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não fique deitado.
Importante saber
– A luz produzida pelo raio chega quase que instantaneamente à visão de quem o observa. Já o som (trovão) demora um bom tempo, pois a sua velocidade é menor;– Para obter a distância aproximada em quilômetros, basta contar o tempo (em segundos) entre o momento que se vê o raio e se escuta o trovão, e dividir por três;
– Um trovão dificilmente pode ser ouvido se o raio acontecer a uma distância maior do que 20 quilômetros;– Um raio, composto por várias descargas, pode durar até dois segundos, embora em geral a ocorrência é de cerca de meio a um terço de segundo. No entanto, cada descarga que compõe o raio dura apenas frações de milésimos de segundo;
– A intensidade típica de um raio é de 30 mil ampéres, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico;– Um raio pode cair duas vezes em um mesmo lugar, quando este local apresentar grande incidência de raios;
– A chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que um para um milhão, mas se a pessoa estiver em área descampada e embaixo de uma tempestade forte, a chance pode aumentar em até um para mil;– O raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória.
Fontes: Inpe e Revista Exame
Redação: Fátima Pires