Maior distância percorrida em piscina durante 24 horas

Recorde é do paratleta Ricardo Serravalle Guimarães que nadou 57 km e 750 m, mostrando que é possível superar limites

02/09/2015
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Maior distância percorrida em piscina durante 24 horas
Protagonista de uma história de superação, Ricardo nadou 57 km e 750 m em 24 horas / Foto: Arquivo recordista
O paratleta Ricardo Serravalle Guimarães, 39 anos, entra para o RankBrasil em 2015 pelo recorde de Maior distância percorrida em piscina durante 24 horas. Das 9h de 15 de agosto às 9h do dia 16, ele nadou 57 km e 750 m, em uma piscina de 25 m, no Clube da ADELBA em Salvador (BA).

Durante o desafio, o baiano parou a cada 30 minutos com duração aproximada de 20 segundos para hidratação; de uma em uma hora em torno de um a quatro minutos com o objetivo de ir ao banheiro e medir a quantidade e qualidade de urina; e a cada três horas com em média 30 segundos devido à necessidade de avaliação da frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, lactato e glicemia.

Ricardo aponta o frio como a maior dificuldade. “A cidade de Salvador não costuma ser fria, mas naquele dia a sensação térmica era de 19 graus e a água estava gelada”, lembra. Outro obstáculo foi o espaço restrito. “Na piscina, ainda mais de 25 m, você não sai de um ponto A para um ponto B, mas tem que ir e voltar dentro de um mesmo lugar. Isso pode afetar muito caso você ancore ou não a sua presença de forma errada”, revela.

Conforme o recordista, a parte psicológica conta muito: “Certamente esse é o grande diferencial do atleta com um trabalho mental forte”. Segundo ele, todas as dificuldades foram suplantadas principalmente devido ao apoio de sua equipe multidisciplinar e principalmente dos amigos. “Muitos caíram na água e nadaram comigo até mesmo na madrugada”.

Sobre o recorde brasileiro, o paratleta afirma ser o reconhecimento de todo um trabalho, uma vida dedicada ao esporte. “Devo muito a todos os meus apoiadores, à minha família e principalmente à minha esposa Débora que está comigo todo o tempo e é a base de sustentação disso tudo”. Ele também agradece o técnico Bruno Vasconcelos, o qual o acompanha há quase 10 anos, sempre acreditando em seu potencial de realização e nas causas engajadas. “Esse recorde veio para coroá-los”, enfatiza.
As 24 horas em piscina foi o terceiro e penúltimo desafio antes do evento principal – a inédita travessia a nado entre Salvador e a ilha de Morro de São Paulo / Foto: Arquivo recordista

Obstáculo ainda maior
As 24 horas em piscina foi o terceiro e penúltimo desafio antes do evento principal – a inédita travessia a nado entre Salvador e a ilha de Morro de São Paulo. O percurso será realizado em 19 de dezembro, terá entre 59 e 84 km, com duração de 24 a 28 horas. O objetivo é chamar a atenção em relação à importância da preservação dos oceanos e da Baía de Todos os Santos.

O primeiro desafio aconteceu em 14 de março, ao duplicar a tradicional travessia a nado Mar Grande – Salvador; e o segundo ocorreu em 31 de maio com 30 km entre Penedo a Piaçabuçu/AL. Antes de enfrentar a prova final, o paratleta ainda vai percorrer em 8 de novembro os três faróis, com cerca de 34 km: Farol de Itapuã, Farol da Barra e Farol da Ponta de Humaitá.

Acreditar e seguir em frente
Ricardo é protagonista de uma história de superação. Em 2009 sofreu três AVCs isquêmicos devido a um problema congênito e teve que implantar uma prótese cardíaca. No ano de 2010, em um acidente jogando futebol, rompeu todos os ligamentos do tornozelo esquerdo e perdeu 40% da capacidade de movimento do membro.

“Depois disso mudei completamente. Tinha uma vida esportiva principalmente voltada ao próprio ego e essa situação de quase morte me despertou”, destaca. Atualmente, apesar de suas limitações, o paratleta busca realizar o esporte sempre apoiando causas sociais e ambientais. “Faço o que amo mas sem focar em mim, mas no retorno positivo ao planeta e à sociedade”.

Em relação aos grandes obstáculos da vida, o nadador dá a dica: “Acredite em você. A única coisa que lhe separa da realização dos seus sonhos é você mesmo. Somos capazes de coisas inimagináveis, basta acreditar nisso e seguir sempre em frente”, afirma. Segundo ele, o mundo está doente porque as pessoas vivem depressivas por um passado o qual não podem mudar e ansiosas por um futuro ainda imprevisto.

O paratleta Ricardo (à direita) com o técnico Bruno Vasconcelos / Foto: Arquivo Recordista

Empresário, PhD e palestrante
Ricardo não tem a vida voltada apenas ao esporte, apesar de treinar como um profissional. Formado em Administração e em Educação Física, gerencia a empresa da família de Comunicação Visual e ainda ministra palestras motivacionais. “O mais complicado é administrar isso tudo”, revela.

PhD em Ciências das Religiões, estudou o aumento do desempenho esportivo através da meditação. Conforme ele, ser paratleta é apenas um detalhe quando se trata deste assunto. “Desde criança estudei muito as religiões e o movimento holístico universal me despertou a curiosidade. Trilhei este caminho e a meditação foi primordial para alcançar esse nível de clareza e consciência”.

Em suas pesquisas encontrou comprovação de que o direcionamento da mente sem distrações em direção aos objetivos promovem a melhora do desempenho, inclusive esportivo. “Aquietando a mente se economiza a energia necessária para galgar melhores marcas e ativar outras fontes de energia desconhecidas, além de bloquear a emissão do comando cerebral aos músculos afim de retardar a fadiga”, finaliza.


Fátima Pires

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Algumas citações na mídia:
Piscina Limpa
Folha Geral