Primeira travessia do Monte Caburaí ao Arroio Chuí 100% à força humana

O brasiliense Leonardo César Osório Meirelles percorreu o país de norte a sul com caminhadas e usando caiaque e bicicleta, sem utilizar veículos a motor

13/10/2016
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Primeira travessia do Monte Caburaí ao Arroio Chuí 100% à força humana
Com caminhadas, caiaque e usando bicicleta, recordista realizou o percurso de quase 6,2 mil km em 140 dias ou 470 horas e 31 minutos de força humana / Foto: Arquivo recordista
O administrador de empresas de Brasília (DF), Leonardo César Osório Meirelles, apontado pela mídia como explorador multiatleta, é reconhecido pelo RankBrasil em 2016 pelo recorde de Primeira travessia do Monte Caburaí ao Arroio Chuí 100% à força humana.

Ele foi o pioneiro a atravessar o país partindo do ponto extremo norte, regulamentado pelo Ministério das Relações Exteriores, e chegando ao ponto extremo sul, que é reconhecido pela prefeitura de Santa Vitória do Palmar (RS). O brasiliense fez o percurso de 6.181 km num total de 140 dias ou em 58 dias em movimento, com caminhadas (algumas vezes na mata fechada, abrindo trilha a facão) e usando caiaque e bicicleta, sem utilizar veículos a motor.

A jornada começou em 25 de abril de 2014, no chamado marco 11A de 2007 – provável 11B (coordenadas: N 05°16´10.4", W 060°12´34.6"), que fica no Parque Nacional Monte Roraima, no Monte Caburaí, município de Uiramutã (RR), na fronteira com a Guiana. O desafio terminou em 11 de setembro do mesmo ano, no marco LCOM Sul (coordenadas: S 33°45´03.1", W 053°23´40.3"), no Arroio Chuí (curso d’água), localizado no município de Santa Vitória do Palmar (RS).

Na época com 49 anos de idade, o brasiliense atravessou oito estados e 129 municípios, percorrendo 6.120 km pedalando (com média de 90 km por dia), 16 km remando e 45 km caminhando. Ao todo foram 470 horas e 31 minutos gastas em força humana, passando por 131 pontes de madeira e 10 aldeias indígenas. Durante o trajeto pegou 11 gripes e três sinusites. Ao final, perdeu 12 quilos.

A ideia do percurso surgiu depois do administrador ter alcançado os quatro pontos extremos do Brasil, em expedições diversas. “Vi na internet que muita gente fazia travessia à força humana no mundo. Percebi que desta forma faria o circuito como o planejado”, diz. Ele também decidiu abraçar o desafio por acreditar que um brasileiro deveria ser pioneiro. “Queria honrar o nome do meu povo e do meu país e fui o responsável pela travessia mais completa realizada até hoje”, afirma.

Entre as curiosidades da trajetória, o recordista aponta o fato de aprender a cultura dos índios e seus costumes. “Outro aspecto interessante é todo mundo pensar que o ponto extremo norte do país está no Oiapoque (AP), mas fica no Monte Caburaí (RR), e que o ponto extremo sul está no Chuí (RS), quando na verdade se localiza em Santa Vitória do Palmar (RS)”.

Para Leonardo, a conquista do recorde é importante por ser algo inédito. “Nem os grandes exploradores do passado conseguiram fazer a travessia entre os pontos extremos norte e sul”, ressalta. Segundo o brasiliense, o objetivo também foi provar para o mundo que o povo brasileiro é organizado, sabe planejar, tem raça, determinação e é inteligente. “Sempre tive como lema que um homem só conhece bem o seu país quando anda por ele e conversa com o seu povo: é isto que procuro fazer”.

Pelo reconhecimento do RankBrasil, o administrador agradece a todos os brasileiros otimistas, que acreditam na própria capacidade e competência para mudar o Brasil e torná-lo cada vez melhor de se viver. O explorador multiatleta dedica este recorde aos seus pais. “Eles são meus verdadeiros ídolos”, destaca. O recordista adianta que tem a intenção de realizar novos desafios. “Atualmente estou fazendo a travessia 100% à força humana no sentido oeste – leste do país e também tenho outras coisas em mente, que por enquanto estão em segredo”.

Brasil de várias faces
Leonardo conta que ficou muito contente quando chegou novamente ao marco 11A – provável 11B. Também gostou da área do Lavrado e dos rios de águas cristalinas de Roraima. Outro momento marcante foi a passagem pelo rio Negro com o rio Solimões. “Passei muito sufoco, fiquei umas quatro horas remando com correnteza bastante forte no final”, lembra.

O brasiliense ainda comenta sobre o percurso de Manaus (AM) a Porto Velho (RO). “Atravessei 125 pontes de madeiras caindo aos pedaços, algumas sem pilares de sustentação”. Lá ele viu uma onça. “Foi uma surpresa muito emocionante: levei um susto. Ainda bem que o animal não me atacou”. No trecho entre Porto Velho (RO) e Rio Grande (RS), o explorador multiatleta ficou chateado ao ver diversos animais selvagens atropelados.

Outro aspecto que deve ser ressaltado, segundo Leonardo, é ter enfrentado climas tão diferentes, entre tropical úmido, tropical seco, depois o frio úmido e o frio seco. Ele se encantou ao ver alguns biomas como a Floresta Amazônica, o Lavrado, o Pantanal, o Cerrado, um pouco da Floresta de Araucárias e os Pampas. “Também é importante destacar a hospitalidade e simpatia do nosso povo”.

Uma decepção para o administrador de empresas foi ver a BR- 319, entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO), abandonada. “É uma rodovia muito importante que ligava o sul com o norte. Acho que ela deve ser ressuscitada e voltar a funcionar”. O desmatamento no Cerrado foi mais um fator de desapontamento: “As pessoas só falam da Amazônia e se esquecem do Cerrado: o Cerrado foi destruído 80% em 20 anos enquanto que a Amazônia teve 20% devastados em 500 anos”.

De acordo com o brasiliense, o Cerrado está pagando o preço para manter a Amazônia em pé e é um bioma igualmente bonito. “Eu acho até mais lindo, tem as águas mais cristalinas do país e muita riqueza para ser estudada, sem contar as que já foram extintas”, comenta.

A experiência de conhecer várias faces do país trouxe muitos ensinamentos a Leonardo. Ele afirma que aprendeu ter mais equilíbrio, a se conhecer melhor, a trabalhar muito com a determinação, e que sua autoestima melhorou bastante. “Aprendi a ser mais organizado e a planejar melhor as coisas, a acreditar nas minhas potencialidades e saber quais as minhas limitações”.

O explorador multiatleta ainda comprovou que o Brasil é um lugar maravilhoso, que existem muitas coisas erradas e é preciso conhecê-lo melhor para corrigir seus problemas. “Apesar de toda corrupção e injustiça, eu não deixo de ter orgulho do meu país”, finaliza.

Algumas citações na mídia
News Rondonia
Água Boa News