Mais rápida travessia de bicicleta do Oiapoque ao Chuí

O paulista Felipe Elias demorou 47 dias para percorrer o Brasil do estado do Amapá ao Rio Grande do Sul

30/07/2013
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Mais rápida travessia de bicicleta do Oiapoque ao Chuí
Felipe Elias em frente ao marco do Município de Oiapoque (AP). - Divulgação: RankBrasil
Todo brasileiro já ouviu a expressão popular “do Oiapoque ao Chuí”, que pode significar abrangência nacional, diversidade cultural e até exagero.

Nesse embalo, aos 32 anos, Felipe Elias decidiu cruzar o país em cima de uma bike, entrando para o RankBrasil em 2013 pelo recorde de Mais rápida travessia de bicicleta do Oiapoque ao Chuí. Natural de Itapetininga (SP), o aventureiro precisou apenas de 47 dias para realizar o trajeto.

A ideia de atravessar o Brasil de norte a sul surgiu quando trabalhava como guia de cicloturismo e foi levar um grupo de pessoas numa jornada de Manali a Leh, nos Himalaias Indianos. Durante a viagem, ele leu o livro do ciclista escocês Mark Beaumont, sobre sua volta ao mundo de bicicleta. A obra o inspirou e após uma pesquisa, descobriu que ninguém tinha feito nada parecido no país.

Ao concretizar a aventura, no Chuí, Felipe não sentiu de imediato que se tratava de algo extraordinário, percebendo somente depois o tamanho da façanha. Para o recordista, a chegada ao extremo sul do Brasil foi um misto de emoção e um pouco de pena por não ter ninguém com quem comemorar.

Entusiasmado com o título brasileiro, o paulista deseja que seu recorde estimule ciclistas de todo o país. “Entrar para o RankBrasil é uma grande satisfação. Espero que outras pessoas tentem superar essa marca”, desafia.

A viagem
A aventura começou em São Paulo (SP), onde pegou um avião com destino a Macapá (AP), que fica a 560 km da cidade de Oiapoque. Felipe passou a noite na capital do Amapá, partindo no dia seguinte até seu destino inicial. O desafio pelas estradas brasileiras teve início no dia 12 de novembro de 2012, em Oiapoque, terminando em 28 de dezembro, em Chuí (RS).

Durante o trajeto de 4,9 mil km entre os extremos norte e sul do país, o ciclista se deparou com diferentes realidades, ficando perplexo com o que observou em alguns lugares.

“Da miséria no Pará à prosperidade de municípios do interior de São Paulo, do ambiente selvagem do Amapá aos campos bem cuidados do Rio Grande do Sul. São coisas que ouvimos falar, mas presenciar essas diferenças me provocou certa revolta, principalmente quando defrontado com tristes situações, como a de pessoas que até hoje vivem sem esgoto ou água tratada, com lixo na rua sendo comido por urubus”, relata.

Obstáculos
O aventureiro não teve problemas musculares na viagem, porém, a alimentação de beira de estrada o deixou com uma intoxicação alimentar durante dois dias. Segundo ele, antes de iniciar o desafio fez um roteiro dia a dia, o qual seguiu à risca, exceto quando sofreu a intoxicação, período que se poupou, não realizando o percurso planejado.

Para a hidratação, Felipe bebia cerca de três a quatro litros de água por dia e outros líquidos, como refrigerantes e sucos. O recordista lembra que passou por vários momentos difíceis, em especial nos primeiros dias, onde o trajeto tinha muitas subidas e terreno acidentado, além do calor intenso. Por diversas vezes, a chuva ou o sol quase o derrotaram, mas o ciclista foi mais forte que os obstáculos e resistiu.

Ensinamentos
Felipe conta que obteve muitos ensinamentos na viagem: “Aprendi sobre meu corpo e minha mente, sobre sonhos e realidades, e como muitas vezes esses são conceitos muito mais próximos entre si do que somos levados a acreditar”.

A princípio, o paulista não tem uma nova aventura do gênero em mente, mas possui vários projetos com os parceiros NossoVerde e RedSpokes para continuar seu trabalho de cicloturismo. De acordo com o ele, é uma alegria propiciar a outras pessoas a oportunidade de ter esse tipo de experiência, de passar dias pedalando por lugares desconhecidos, superando limites e fazendo amizades.

Colaboradores
Amigos e familiares do recordista puderam acompanhar seu deslocamento em tempo real durante todo o percurso, através de um equipamento cedido pela empresa Tecnologias GPS. Para atravessar o país, Felipe ainda contou com o patrocínio da Franciosi Imóveis, de Itapetininga.


Redação: Danilo Georgete
Revisão: Fátima Pires