Primeira árbitra de basquete do Brasil

Jogo que entrou para a história aconteceu em 02 de maio de 1965, no Rio de Janeiro. Carioca rompeu barreiras no país, exercendo uma profissão dominada na época por homens

12/09/2012
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Primeira árbitra de basquete do Brasil
Arquivo pessoal - Alzira Almeida do Amaral
A carioca Alzira Almeida do Amaral foi oficialmente reconhecida pelo RankBrasil em 2012 pela atuação como Primeira árbitra de basquete do país. O jogo que entrou para a história aconteceu em 02 de maio de 1965, no Rio de Janeiro, entre as equipes A.A. Vila Izabel e São Cristóvão FR.

Diferente do habitual, a atração principal não foi a partida em si, mas quem estava apitando. Em uma profissão dominada na época exclusivamente por homens, Alzira recebeu destaque em vários veículos de comunicação, que enviaram seus repórteres para registrar o momento.

“Faz muitos anos. Eu me lembro que estava nervosa, mas no final deu tudo certo e a partida foi tranquila”, conta a carioca. Durante um ano, ela seguiu a carreira de árbitra e apesar do ambiente machista e de sofrer muito preconceito, os atletas a respeitavam. “Eles não tinham outra opção, precisavam respeitar”, pondera.

Mesmo deixando sua marca como a primeira mulher na arbitragem do basquete, não foi fácil romper a barreira dos homens. Depois de um bom tempo resistindo, Alzira cedeu à pressão: “Já que raramente eu era escalada para os jogos, a alternativa que encontrei para continuar foi me tornar oficial de mesa”.

A decisão de ser árbitra está relacionada com a paixão da recordista pelo basquetebol. A carioca começou como atleta, jogando pelo America Football Club, do Rio de Janeiro, mas percebeu que o esporte era bruto demais para ela. “Decidi fazer o curso de árbitra e apitar jogo para seguir minha profissão no basquete”, revela.

Quando não está trabalhando, Alzira se diverte indo à praia, andando de bicicleta e viajando. “Gosto de viver”, afirma. Sobre o reconhecimento do recorde pelo RankBrasil, ela diz que é mais uma vitória do sexo feminino no país. “Antigamente as mulheres eram fadadas a fazer tricô, preparar comida e lavar cuecas, mas conseguimos romper barreiras”, comemora.

Oficial de mesa
Há 46 anos a carioca atua como oficial de mesa de basquete. Conforme ela, o profissional também tem grande responsabilidade durante a partida, fazendo súmulas, marcando pontos, cronometrando o tempo, entre outras funções. Além de oficial de mesa, atualmente Alzira atua como responsável pelo Departamento Técnico da Federação de Basquetebol do Estado do Rio de Janeiro (FBERJ).

Mulheres vitoriosas
A recordista acredita que hoje não existe tanto preconceito em relação a mulheres que exercem profissões até então dominadas por homens. Para argumentar, ela cita o exemplo de Dilma Rousseff, que foi a primeira mulher eleita presidente do Brasil, e Graça Foster, primeira mulher a presidir uma petrolífera.

“Para exercer uma profissão, independente do sexo, basta ter força de vontade, perseverança e principalmente vocação”, destaca. “As pessoas precisam correr atrás de seus sonhos e cada um deve fazer o que bem entender da vida: o importante é não parar no meio do caminho porque desta maneira não se faz nada”, finaliza.


Redação: Fátima Pires